Energia solar e agricultura irrigada podem ser saídas para a seca no Nordeste.

por Antonio Daniel da Silva publicado 22/05/2015 09h14, última modificação 22/05/2015 09h14

A geração de energia solar e desenvolvimento agrícola de culturas resistentes à seca poderão ser duas medidas para a convivência com a Seca no Nordeste, como também a geração de recursos para o desenvolvimento da região. Os dois temas foram abordados durante reunião da Comissão externa que trata da estiagem na região nesta quinta-feira (21).

O estado do Ceará, com sol nos 365 dias do ano, só possui uma usina de energia solar fotovoltaica, a de Tauá, a primeira do Estado com produção que não chega a 1,00 MW mês, mas com capacidade para produzir 50 MW. Tem ainda outro projeto em Russas, que ainda não saiu do papel e projetos isolados, como condomínios e casas do Minha Casa, Minha Vida, abastecidos pela energia do sol.

No encontro, dois pesquisadores do governo foram ouvidos. Ao todo serão nove encontros que resultarão em um relatório com as sugestões de técnicos e representantes de municípios e da sociedade civil para servir como parâmetro para os investimentos na região.

Parlamentares e especialistas ouvidos nesta quinta-feira pela comissão foram unânimes ao afirmar que o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis na região pode amenizar o sofrimento da população com a estiagem. Todos concordam que a seca não se combate – uma vez que é efeito da falta de chuvas e já é parte do clima regional. Ao contrário, se convive com ela, especialmente em um local onde vivem 22 milhões de pessoas – ou 12% da população nacional.

Uma das possibilidades para a criação de emprego e renda nos municípios do semiárido seria o aproveitamento do potencial solar da região para geração de energia. A sugestão foi apresentada pelo pesquisador Paulo Nobre, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. “Eu vejo o Nordeste, no futuro, como um enorme produtor e exportador de energia. É uma energia eterna, que é a energia do sol. Ela pode ser aplicada tanto em grandes centrais como em cada telhado”, afirmou Nobre. “De forma que o recurso possa ser usado para trazer água em tubo, não água evaporando em canais abertos, e escolas para as novas gerações.”

Já  o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Guilherme Resende recomendou uma avaliação das políticas públicas atualmente voltadas para o semiárido. Entre outros programas, a região é hoje beneficiária de pelo menos 50% dos recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE). Na maior parte das vezes, no entanto, os recursos que chegam estão bem abaixo do limite estabelecido.

Ele acredita que o semiárido é solo fértil para o desenvolvimento de culturas agrícolas resistentes à seca ou irrigáveis, como as existentes em países como Estados Unidos, México e Israel. “Crises climáticas periódicas ocorrem em várias partes do mundo, prejudicando a agricultura. No entanto, só se transforma em flagelo social quando se depara com condições socioeconômicas precárias, como as do Nordeste”, disse Guilherme Resende.


Publicado em Tribuna do Norte, por Blog Tribuna do Norte